domingo, 2 de junho de 2019

Judô Limpo, Ética e Fair Play




Além de ser uma das mais prestigiosas e universais disciplinas olímpicas, o judô é mais do que esporte - é também uma ferramenta educacional reconhecida e um estilo de vida enriquecido por um código moral e valores éticos que resistiram firmemente à prova da vida.

Fair Play significa jogo justo, jogar limpo, ter espírito esportivo, em português. Fair Play é uma expressão do inglês que significa modo leal de agir. O conceito de fair play está vinculado à ética na prática do esporte e estabelece certa correlação com espírito esportivo. Mas, no judô, a analogia envolve outros conceitos na relação entre os adversários: a cordialidade e a solidariedade.

Constantemente vemos jornalistas e cronistas esportivos enaltecendo um lance ou atitude de fair play. O conceito de fair play está vinculado à ética na prática esportiva, na qual os praticantes devem buscar vencer atuando de forma despojada e íntegra. Praticantes de todas as modalidades também devem empenhar-se para competir cumprindo as regras de conduta fundamentadas nos padrões éticos, sociais e morais.

Fair play tem uma correlação com espírito esportivo, muito pela influência do marketing e da mídia, que pressionam os atletas por melhores resultados, fazendo com que pensem na vitória a qualquer preço, muitas vezes utilizando meios ilícitos, como o doping, a manipulação genética, processos de naturalização, entre outros, quebrando assim os princípios do jogo limpo.

Devido a esses valores e abordagem ética que estão inscritos no DNA do esporte, a Federação Internacional de Judô está totalmente comprometida em lutar contra qualquer tipo de trapaça. Um esporte limpo e justo é importante para promover uma sociedade melhor, que possa oferecer uma direção na vida das gerações jovens. Respeito, honestidade, autocontrole, amizade, cortesia, honra, coragem e modéstia - os oito valores do código moral do judô são ensinados a todos os judocas desde a primeira vez que entram no dojo. Este código é totalmente incompatível com procedimentos que iriam contra o espírito do esporte.

O judô é e sempre será um bastião contra comportamentos ruins e culposos. Qualquer um que desrespeite os valores do Judô será imediatamente e fortemente sancionado.

O doping não tem lugar dentro do mundo do Judô, nem a manipulação da competição ou a manipulação de resultados.

Mas no judô, modalidade esportiva na qual o praticante depende intrinsecamente de seu oponente, o fair play acaba revelando outros contornos na relação e na cordialidade entre adversários. Isto começa na tradição em que ambos se cumprimentam ou reverenciam, antes e após os combates.

É comum ver árbitros auxiliando atletas lesionados na dura tarefa de arrumar o judogi ou a faixa, no fim dos combates. Em outras ocasiões vemos o próprio adversário que, com a autorização do árbitro, toma a iniciativa de ajudar o oponente que, após o comando de matte, deixa de ser adversário para assumir o papel de colega e até mesmo de amigo.

A verdade é que o judô vai muito além do fair play, inspirando-se nos princípios criados por Jigoro Kano. Neste caso específico é o Jita Kyoei que remete à importância da solidariedade humana para o melhor bem individual e universal. Sensei Kano pregava ainda que a ideia do progresso pessoal devia ligar-se à ajuda ao próximo, pois acreditava que a eficiência e o auxílio aos outros criariam não só um atleta melhor, mas também um ser humano mais completo.


Na verdade Kano Shihan criou dois princípios para nortear a prática dos Judoka, bem como para serem aplicados em aspectos diversos da vida: Seiryoku zenyo e Jita kyoei. O primeiro diz respeito a usar nossa energia de modo mais eficiente, evitando desperdícios ou esforços desnecessários; o que leva ao segundo, que diz que os benefícios que possamos obter e as ações que tomamos devem sempre ter em mente a sociedade como um todo (e não nós mesmos), pois isto cria uma sociedade melhor, o que acabará, por fim, beneficiando a nós mesmos.