domingo, 29 de maio de 2016

O Judô Brasileiro na Paralimpíada




As primeiras competições esportivas para deficientes físicos foram promovidas pelo médico Ludwig Guttmann, em 1948, na cidade de stoke Mandeville, com o propósito de reabilitar militares atingidos nos combates da segunda Guerra Mundial.

Este movimento evoluiu e, em 1960, foram organizados aqueles que foram considerados os primeiros Jogos Paralímpicos oficiais, ocorridos simultaneamente aos XVII Jogos olímpicos de Roma.

Somente depois, em 1988, com a realização dos Jogos de Seul, na Coreia do sul, por força de um acordo de cooperação assinado entre o COI e o IPC, os Jogos começaram a acontecer no mesmo local, num paralelo com as iniciativas esboçadas em Roma, em 1960. A palavra ‘paralímpico’ deriva da junção da preposição grega ‘para’ (ao lado) e da palavra olímpico. significa que os Jogos Paralímpicos são realizados paralelamente aos Olímpicos e ilustra o modo como os dois movimentos coexistem lado a lado.
Por muitos anos, foi corrente no Brasil o uso do termo "paraolímpico". Mas, desde 2012, a pedido do IPC, o termo ‘paraolímpico’ deixou de ser usado. o Brasil era o único país de língua portuguesa que utilizava esta grafia. Por essa razão, foi feito um ajuste e abolido o uso do termo ‘paraolímpico’. A grafia correta agora é ‘paralímpico’, sem a letra ‘o’.



O Judô é a única modalidade de origem asiática inserida no programa paralímpico, Este esporte é praticado por atletas com alguma deficiência visual desde a década de 70 e estreou em Jogos Paralímpicos na edição de Seul, em 1988, apenas com as disputas no masculino. As mulheres só entraram nos tatames a partir dos Jogos de Atenas, em 2004.

No Brasil, a entidade que comanda a modalidade é a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) e, no âmbito mundial, o judô é administrado pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, na sigla em inglês), fundada em Paris, em 1981.

Há poucas adaptações no judô paralímpico em relação ao convencional. Os atletas começam a luta já segurando o quimono do adversário, posicionados assim pelo árbitro, que conduz a luta para que o contato seja permanente. Ao aplicar uma punição, o árbitro também avisa a qual judoca está se referindo. Os atletas não são punidos por sair da área de luta.

Desde o início, o Brasil revelou ter grande força na modalidade. As primeiras medalhas do judô paralímpico brasileiro vieram justamente na estreia da modalidade nos Jogos de Seul, em 1988. Cinco judocas representaram o Brasil na Coréia do Sul e voltaram de lá com três bronzes, conquistados por Jaime de Oliveira (60 kg), Júlio Silva (65 kg) e Leonel Cunha (Leonel Cunha Moraes Filho) (+95 kg).

Em Atlanta, em 1996, foi a primeira vez que o país chegou no topo do pódio com Antônio Tenório que faturou o ouro na categoria até 86 kg.

Em Sidney, em 2000, O judoca repetiu o feito, novamente medalha de ouro, agora no peso até 90 kg.


Em atenas, em 2004, no feminino, as primeiras medalhas brasileiras vieram também no ano em que a categoria foi integrada ao programa paralímpico. Karla Ferreira Cardoso (48 kg) e Daniele Bernardes da Silva (57 kg) conquistaram uma prata e um bronze, respectivamente e Antonio Tenório novamente alcança o ouro, no peso até 100 kg enquanto Eduardo Paes Barreto Amaral, até 73 kg, recebe uma medalha de prata.

  

Em Pequim, em 2008, novamente Antonio Tenório ganha a medalha de ouro, Karla Ferreira Cardoso e Deanne Almeida recebem prata enquanto Daniela Bernardes da Silva e Michele Ferreira, medalhas de bronze.

  

Na edição dos Jogos Olímpicos, em Londres 2012, no feminino, o Brasil conquistou uma medalha prata com Lúcia da Silva (Lucia da Silva Teixeira Araujo) (57kg) e duas medalhas de bronze, com Daniele Bernardes Milan (ex Daniele Bernardes da Silva) (63 kg) e Michele Ferreira (52 kg). Enquanto no masculino, Antonio Tenório conseguiu, a sua quinta medalha, uma medalha de bronze.


Na Palimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, na sexta-feira, dia 9, Lucia Teixeira foi vice-campeã, na categoria até 57kg, repetindo o feito de 2012 quando recebeu medalha de prata.
  

No dia seguinte, sábado, a brasileira Alana Martins Maldonado na decisão da categoria até 70kg, mesmo com a torcida a seu favor na Arena Carioca 3, não conseguiu superar sua adversária mexicana e ficou com a medalha de prata. Na categoria até 100kg do masculino, o veterano Antônio Tenório, de 45 anos, aumentou ainda mais sua história no paradesporto brasileiro. Principal nome do judô do país, o experiente lutador conquistou sua sexta medalha nos Jogos, a primeira de prata, após ser derrotado por ippon pelo sul-coreano Gwangeeun Choi. Na categoria acima de 100kg, Wilians Araújo, de 24 anos, sofreu uma derrota relâmpago para Adiljan Tuledibaev, do Uzbequistão. Com apenas dois segundos de combate, o uzbeque, atual campeão mundial e asiático, conseguiu um ippon e conquistou seu primeiro ouro nos Jogos.
Com as conquistas de Lúcia, Alana, Tenório e Wilians, o Brasil chegou à sua quarta medalha de prata no Rio 2016.
Antonio Tenório, atualmente é o maior expoente do judô paralímpico nacional, além de uma medalha de prata e uma de bronze, conquistou as quatro medalhas de ouro que o país tem nessa modalidade, em Paralimpíadas .

No judô Paralímpico, o Brasil acumula, no total, 22 medalhas nos Jogos, sendo quatro de ouro, nove de prata e nove de bronze.

Classificação e forma de disputa
No judô paralímpico as disputas são divididas por categorias de peso, da mesma forma que acontece no judô olímpico. A diferença é que, além da divisão por peso, há também uma classificação por grau de deficiência visual no judô paralímpico. Tanto no masculino, quanto no feminino, são três as classificações e todas começam com a letra B (de Blind, que é “cego” em inglês). Outra peculiaridade é que no judô paralímpico os atletas já iniciam a luta em contato com o quimono do oponente.

B1 – Cego total: de nenhuma percepção em ambos os olhos até a percepção de luz com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.
B2 – Lutadores que têm a percepção de vultos, com capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior a cinco graus.
B3 – Lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60 ou campo visual entre cinco e 20 graus.