sábado, 2 de janeiro de 2016

Lesões no Judô - Parte 3 - Orelha de Couve-Flor


Baseado no artigo "Orelha de Couve-Flor" publicado em https://jiujitsunoboken.wordpress.com


Duras, enrugadas, com formato que lembra uma couve-flor... Se alguém bater o olho e vir uma orelha assim na rua, já reconhece que o dono é lutador.

Muitas pessoas perguntam por que os lutadores ficam com as orelhas deformadas e se existe uma maneira de “consertar” ou mesmo evitar que isso aconteça.

Conhecido na medicina como hematoma auricular (pericondrite), tem o nome popular de orelha de couve-flor e trata-se de um hematoma causado no pericôndrio (uma camada de tecido conjuntivo que fica entre a pele e a cartilagem da orelha), gerando uma inflamação. Esta inflamação, por sua vez, costuma causar obstrução sanguínea fazendo com que ocorra uma reação fibrosa severa, formando uma nova cartilagem.

A pericondrite é provocada pelo trauma constante das lutas, ou seja, pelos atritos e esmagaduras sofridos durante os treinos e combates. A infecção pode levar à falta de vascularização nas orelhas que, por sua vez, pode provocar a morte do tecido. Essa necrose provoca uma forte reação fibrosa, resultando na formação de nova cartilagem para preencher o espaço lesionado.

Mas não se preocupe, se você é praticante casual, sua orelha não vai se deformar de um dia para o outro. Estatísticas dizem que a orelha tende a ficar deformada a partir de 1 ano de treinos diários, então não vai ser em treinos leves duas ou três vezes por semana que deformarão suas orelhas.

Tem alguns atletas que gostam e procuram acelerar o processo esfregando o kimono na orelha ou apertando ela com alicate para que as pessoas vejam pelas orelhas que são “lutadores”.

Para evitar que essa lesão ocorra use protetor de orelha. São bem fáceis de encontrar e costumam ser eficientes. O problema é que nem todos se adaptam ao uso do mesmo.

Caso aconteça esse tipo de lesão podemos tomar algumas medidas para que sejam minimizados os efeitos:

1 - Assim que machucar a orelha, enquanto não conseguir chegar onde possa tomar a medida número dois, aplique gelo imediatamente, você deve tentar reduzir a inflamação na orelha aplicando uma compressa de gelo na área afetada. Aplique gelo em sessões de 15 minutos com intervalos de 15 minutos entre as sessões até que o inchaço diminua.
Importante: Embrulhe o gelo em uma toalha ou em um pano semelhante antes de aplicar na orelha. Não aplique gelo diretamente na pele por um período prolongado, pois pode queimar sua pele ou causar outras complicações devido à temperatura extrema.
Use um lenço na cabeça para comprimir a orelha. Enrole a área afetada apertada para manter a pressão na lesão. A pressão pode parar o sangramento interno mais rapidamente, portanto, reduzindo a gravidade da deformação. Assim que puder enrole gaze elástica ao redor da orelha. Coloque o material na frente e atrás da orelha para aplicar um nível moderado de pressão.
Não enrole a gaze de forma muito apertada, pois pode causar dor de cabeça. Você também deve evitar enrolar de forma que a gaze bloqueie a sua visão ou a outra orelha.

2 – Drene o sangue o mais rápido possível, pois quanto menos tempo ele ficar dentro da orelha, mais chances você tem dela continuar intacta.
Embora tecnicamente você possa drenar uma orelha de couve-flor branda sem ir ao médico, fazer isso sem um treinamento profissional pode aumentar o risco de infecção e complicações mais tarde. Entenda o risco, você só deve tentar se o trauma for brando com inchaço moderado e se a pele não estiver aberta.
Se você puder ir ao médico dentro de 48 horas, você deve considerar seriamente essa opção sem tentar drenar a orelha sozinho.
Na maioria dos casos, o médico vai tratar a orelha de couve-flor usando uma agulha para retirar o sangue e o fluido. Depois disso, ele aplicará algo para comprimir o local para impedir que mais sangue se acumule na orelha machucada, se já houver um corte na orelha, o médico pode também drenar o sangue através desse corte.
Aplicar pressão com um curativo apertado também ajuda a pele ferida a se reconectar com a cartilagem debaixo dela, o medico provavelmente aplicará gaze na frente e atrás da orelha antes de embrulhar com um curativo estéril. Preste atenção à pressão e à técnica usada na aplicação do curativo para que você possa reaplicar na sua orelha afetada quando for preciso durante o processo de cura.
O médico pode optar por um outro procedimento bem semelhante à drenagem e à compressão, mas em vez de usar um material de compressão para aplicar pressão na orelha, o médico colocará uma tala especial na parte de dentro para manter a pressão constante na ferida, o sangue na orelha será drenado pelo corte ou pela seringa. A colocação da tala pode levar forma de sutura, que será colocada na orelha de forma que segure uma gaze especial, a tala pode ser de pediplast ou de silicone e será moldada para a orelha.
Se a tala for usada, a orelha precisará ser verificada pelo médico novamente em sete dias. A sutura se mantém por 14 dias, a não ser que haja alguma vermelhidão ou sensibilidade. Uma tala moldada poderá ficar por mais tempo.
Veja se serão necessárias uma incisão e uma remoção de coágulo, em casos graves, quando a orelha de couve-flor já começou a endurecer, você pode precisar consultar um cirurgião especializado. Esse cirurgião pode escolher fazer uma incisão na sua orelha e remover fisicamente qualquer coágulo que já tenha se formado. Qualquer líquido restante na sua orelha também será drenado.
Esse tipo de procedimento só pode ser feito por um cirurgião plástico ou por um otorrinolaringologista licenciado (cirurgião da orelha, nariz e garganta).

Cuidados Pós-drenagem:
Mantenha a orelha seca. A orelha afetada deve ficar seca no primeiro dia depois do procedimento de drenagem. Não tome banho ou nade nas primeiras 24 horas. Evite chuva, use um guarda-chuva ou uma capa para impedir que a orelha se molhe.
Mantenha o curativo por, no mínimo, 24 horas. Qualquer curativo aplicado por você ou pelo médico depois do procedimento da drenagem deve permanecer no local no primeiro dia para permitir que a ferida se cure sem exposição a bactérias. Embora o curativo possa ser tecnicamente removido depois do primeiro dia, é aconselhável mantê-lo de 3 a 7 dias.
Aplique pomada antibacteriana. A pomada não precisa ser prescrita, mas a pomada deve ser aplicada no local da ferida três vezes ao dia até que ela cure completamente e cicatrize. O seu medico também pode prescrever um antibiótico oral ou tópico para ajudar a prevenir contra infecções, principalmente se ele tiver feito uma incisão ou se a pele foi aberta durante a lesão inicial.
Aplique gelo periodicamente. O inchaço vai continuar a ocorrer por cerca de três semanas após o procedimento. Aplique uma compressa de gelo na orelha por 10 a 15 minutos, duas ou três vezes ao dia durante esse período. Se você ainda estiver praticando o judô, certifique-se de aplicar gelo imediatamente após o treino.
Se você recebeu a lesão inicial na orelha enquanto praticava boxe, artes marciais ou outro esporte, você deve deixar o seu corpo se curar por, no mínimo, 24 horas antes de voltar a treinar. Se o médico inseriu talas na sua orelha, você deve colocar uma fita no local para impedir que elas caiam ou sejam danificadas durante o treino.
Aplique pressão na orelha durante o treino usando uma fita. Fita atlética também pode ser usada, mas ela tende a perder a qualidade da aderência quando entra em contato com suor, o que faz a fita adesiva de vedação uma opção melhor.
Para o resto da temporada do seu esporte, você deve utilizar um protetor e adicionar pressão ou uma almofada no acessório da cabeça. Corte uma espuma atlética em formato de rosca e prenda-a na parte de dentro do capacete ou outro acessório da cabeça, diretamente nas duas orelhas. Peça ao seu treinador para verificar o tamanho certo do seu acessório para se certificar de que ele fica na sua cabeça adequadamente.

Embora esteja deformada e pareça muito uma couve-flor, isto é, a lesão já se consolidou, já formou a reação fibrosa. É possível fazer uma cirurgia plástica para corrigir o problema e fazer uma orelha nova, mas é preciso ter cuidado com os procedimentos pós-operatórios. O paciente fica impossibilitado de fazer atividades físicas por dois meses, o que é inviável no caso de um lutador.

O procedimento é complicado e pode durar até cinco horas. Na operação, são retirados todos os fragmentos de cartilagem se ela estiver muito danificada, que é o que quase sempre acontece, aproveita-se toda a pele. Normalmente substitui-se a cartilagem interna por um arcabouço com cartilagem retirada do tórax.

Com uma parte da cartilagem retirada do tórax faz-se uma escultura para a nova orelha tomando como referência a orelha oposta. Se o problema for nas duas orelhas, cabe ao cirurgião ter uma veia artística para fazer o desenho e coloca-se a cartilagem por dentro da pele.

Lesões no Judô - Parte 2 - Da Cintura Para Baixo




As lesões musculares são freqüentes no Judô por se tratar de um esporte de contato em que é necessário o uso de grande força por parte de seus praticantes, levando a sobrecarga muscular ou por trauma direto.

As regiões constantemente afetadas pelas lesões musculares causadas por traumas diretos (pancadas) são o quadríceps da coxa e intercostais e as regiões normalmente lesionadas por trauma indireto são o posterior da coxa e paravertebrais. Ao contrário da parte superior do corpo onde é mais comum a contratura, na parte inferior do corpo é muito mais comum o estiramento ou a distensão muscular. A Distensão ou estiramento é quando há o alongamento das fibras musculares além do seu comprimento normal.

O tratamento das lesões musculares depende da gravidade, da extensão da lesão e da sua localização. O estiramento muscular vai desde o grau mínimo com pequeno ou nenhum edema até a ruptura completa do músculo com edema e hemorragia intensos. O tratamento é predominantemente clínico. Em uma fase inicial (1ª semana) devemos realizar o controle de sintomas como dor e edema com meios físicos como gelo e TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea). O uso do Ultrassom é recomendável no modo pulsado. Na 2ª e 3ª semanas podemos utilizar Ultrassom continuo a fim de auxiliar no processo de cicatrização. O ganho de flexibilidade deve ser realizado conforme a tolerância do paciente quanto a dor. O ganho de força muscular deve ser crescente, iniciando com exercícios isométricos, também levando em consideração a dor do paciente. A 4ª e 5ª semanas devem ser utilizadas para aumento do ganho de força e flexibilidade, além dos treinos sensoriomotores a fim de realizar o retorno gradativo do paciente ao esporte.

A nível dos membros inferiores, o joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também uma das que mais sofre lesões e a maior incidência são as entorses que ocorrem durante os treinos. Essa articulação é formada pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia, patela, ligamentos, meniscos e tendões de músculos que o cruzam. O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorse), além de ser lesionado principalmente pelo excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e tendíneas são as mais acometidas), as lesões mais vulgares são, a bursite pré-rotuliana, a fratura e a luxação da rótula, a tendinose do rotuliano, a doença da cartilagem da rótula, a síndrome da fáscia lata, a ruptura meniscal e a do ligamento cruzado anterior.



A entorse (torção) do tornozelo é um movimento anormal dos ossos que provoca lesão do ligamento. É menos grave que a luxação e quando ocorre a região vai ficar inchada e avermelhada, a melhor maneira de reduzir o inchaço é com gelo.

A primeira atitude a ser tomada após uma torção de tornozelo é colocar compressas de gelo durante dez minutos com intervalos de dez minutos. É importante respeitar este intervalo para proteger a pele e as articulações. É recomendado envolver o gelo em algum tecido para evitar danos à pele. Compressas quentes são péssimas, pois pioram o inchaço.

Alguns exercícios podem deixar o pé mais "inteligente" e prevenido contra as torções. Os pés precisam de estímulo. Uma pessoa sedentária, que não tem o costume de andar em terrenos acidentados, terá mais chances de torcer o pé do que alguém que está acostumado a pisar na areia ou praticar esporte.

Os exercícios de alongamento são importantes porque garantem a elasticidade dos músculos, tendões e ligamentos, de forma que sua resposta se torna mais sincronizada e segura. Quando ocorre torção, as estruturas alongadas e saudáveis estão mais capacitadas para se adaptar às condições extremas. Por isso, tem maiores chances de evitar lesões do que as estruturas "fora de forma".

Abaixo, listamos alguns dos exercícios recomendados:
Bate o pé - sentado, o movimento é de levantar e abaixar a ponta do pé como se estivesse batendo a parte da frente do pé. Este exercício trabalha principalmente o músculo tibial anterior, que fica na canela e é um dos responsáveis pela formação do arco plantar e pelo movimento de elevação da parte anterior do pé.
Fortalecimento de eversores - sentado ao lado da parede com uma bola, o pé fará um movimento como se estivesse “dando tchau". O objetivo é empurrar a bola contra a parede com a parte lateral do pé. Este exercício fortalece os músculos eversores do tornozelo, gerando maior estabilidade e tentando evitar a torção.
Andar na linha - caminhar em cima de uma linha com um pé na frente do outro. O objetivo deste exercício é melhorar o equilíbrio.
Andar com a ponta do pé para cima - caminhar com a ponta do pé para cima em linha reta. O objetivo deste exercício é melhorar o equilíbrio associado à contração isométrica do músculo tibial anterior.
Andar no colchão - caminhar em um colchão espesso, pode ser o de uma cama. O objetivo deste exercício é caminhar em um solo instável para gerar mais estabilidade para o tornozelo e melhorar o equilíbrio.

As fraturas na tibia, as fraturas dos metatársicos e dos dedos do pé, são as lesões agudas que comprometem com demasiada frequência os atletas do judô. A tenovaginite do músculo tibial anterior, do Aquiles e dos isquio-tibiais, em conjunto com as fraturas de fadiga do pé e da tíbia, são as lesões de sobrecarga mais presentes. A recuperação de tendinites e torções é feita adotando o repouso com aplicação de compressas e fisioterapia com maior frequência, já o período de recuperação dura em média de duas a oito semanas, que é um período longo para atletas competidores.

Isto nos leva a outra constatação, o não cumprimento ou cumprimento parcial da prescrição médica de reabilitação para a maioria dos atletas, o que, normalmente, pode ser um fator determinante para a reincidência, o famoso "mal curado".

Para prevenir as lesões é muito importante que o praticante de judô, quer tenha um envolvimento de lazer quer competitivo, faça sempre no início de cada época, um exame físico e clínico e que respeite as recomendações propostas pelo médico especialista em medicina do desporto.

Sendo certo serem as lesões de sobrecarga frequentes e numerosas no judô, também é certo as mesmas poderem ser evitadas e até resolvidas com algumas mudanças técnicas nas rotinas do treino e dos combates. A prevenção em geral destas lesões deve fundamentar-se sempre na adequada adaptação do atleta à sua modalidade. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta, não só para se conseguir um bom desempenho, mas também para se prevenirem as lesões mais frequentes. sendo determinante uma cuidada aprendizagem e um treino adequadamente supervisionado pelo instrutor. Além disso, um programa de aquecimento e bem assim de arrefecimento, antes e depois da prática da atividade física, respectivamente, deverá ser sempre respeitado.

Sempre que surgir um sinal de alarme, sinalizador de uma eventual lesão de sobrecarga, a suspensão imediata da atividade deverá ser a norma e a avaliação por um especialista a regra. É ainda muito importante o atleta aprender a conhecer o seu corpo, de modo a não ter a tentação de ultrapassar as suas capacidades morfofuncionais.

Quanto à prevenção das lesões agudas e tendo em conta o seu aparecimento súbito e fortuito, deve fazer-se respeitando: as normas gerais e as limitações pontuais da modalidade durante os combates ou durante os treinos; o fair-play com os outros atletas; um regular programa de estiramento musculo-tendinoso em associação com um treino proprioceptivo global dos membros inferiores. (clique aqui e veja o que é treino proprioceptivo).

Como não custa repetir, aí vai, para prevenir a maioria das lesões, só há um jeito: treinar muito as quedas (ukemis) e alongamento antes e depois da atividade. O alongamento é obrigatório antes de iniciar qualquer sessão de exercícios. O tempo mínimo de prática deverá ser de 10 até 15 minutos. O alongamento permite um aquecimento da musculatura, através de um maior aporte de sangue para os músculos, preparando o sistema musculoesquelético para o exercício a ser realizado. O alongamento realizado de forma correta e sistemática, diminui a dor, tonifica os músculos, aumentando também a sua resistência. É preciso alongar todos os grupos musculares e não apenas aqueles que serão mais exigidos durante a sessão do exercício.

Lesões no Judô - Parte 1 - Da Cintura Para Cima




É consensual que o judô proporciona uma excelente forma de exercício aeróbico e também de desenvolvimento do equilíbrio físico e mental e de melhoria da agilidade e da coordenação motora. Por isso, é muito praticado em todo o mundo, por todas as gerações e por todos os estratos sociais.

O judô abrange uma gama de técnicas permitidas em competições. São elas: Projeções, imobilizações, chaves, torções e estrangulamentos.
Todas são fundamentadas em princípios biomecânicos e podem causar sérios traumas aos adversários quando aplicadas com toda sua magnitude. Somente as imobilizações constituem um grupo que não têm como objetivo levar situações de perigo ao adversário e nem provocar lesões e que devido a esse fato não identificamos possíveis traumatismos decorrentes de suas aplicações. O objetivo das imobilizações é impedir os movimentos mais ofensivos do oponente, segurando-o em situações de submissão.

Antes de descrevermos os traumas associados às técnicas do Judô temos que relatar um tipo de lesão bastante comum à prática da luta livre e judô. Ela não está associada a nenhuma técnica em particular, mas sim as próprias características de constante contato corporal das modalidades, a lesão denominada como hematoma auricular. Quase 40% dos lutadores comunicam ter algum tipo de deformidade auricular permanente. Nesse caso de traumatismo auricular, o sangue acumula-se entre o pericôndrio e a cartilagem. Nova cartilagem se forma a partir do firme envoltório pericondrial, levando à deformidade da aurícula (a chamada "orelha de couve flor").

As lesões no Judô, por se tratar de um esporte de contato físico, são mais frequentemente traumáticas relacionadas a quedas ou imprevistos durante a luta, por isso seus praticantes devem sempre treinar ou competir com muita concentração, a fim de não perder a atenção para que não seja surpreendido, evitando assim um maior número de lesões.

Combater, agarrar ou golpear ou até o simples roçar do Kimono pode dar origem a pequenas lesões como equimoses, escoriações, lacerações, contusões ou feridas. Situações de maior gravidade como a fratura dos ossos do nariz, dos ossos da face, do crânio, ou ainda lesões nos olhos, na boca e nos dentes, são raras porém não impossiveis.

Ao comparar lutas com exercícios livres, as lesões no judô, na parte superior do corpo, ocorrem com maior frequência durante lutas competitivas. As principais lesões acontecem com atletas principiantes ou atletas de alto nível que tentam impedir uma queda.

As lesões mais comuns em competições são em primeiro lugar as escoriações localizadas principalmente em região da face, seguida pelas lesões musculares acometendo normalmente grandes grupos musculares. Em menor número, são as entorses que acontecem comumente na região dos cotovelos, das mãos e em dedos principalmente. E finalmente as luxações em articulação acrômio-clavicular, seguida pelas interfalangeanas. Fraturas em falanges, metacarpo, rádio, ulna, clavícula e costelas são pouco frequentes.

As técnicas de defesa no judô usualmente causam mais lesões que as técnicas de ataque.

No pescoço, pequenas lesões como equimoses e escoriações, são as mais frequentes. A aplicação de técnicas de estrangulamento que visam interromper o fluxo de ar para os pulmões e/ou sanguíneo para o cérebro. Apresentam um tipo de lesão ao lutador que não são encontradas em nenhuma outra manifestação desportiva. Elas proporcionam traumas que são unicamente consequentes das técnicas das lutas.

Por definição, estrangulamento é a asfixia mecânica onde ocorre uma constrição do pescoço, causando embaraço à livre entrada de ar no aparelho respiratório feito por meio de um laço acionado pela força muscular da própria vítima, ou de um estranho. No caso do Judô desportivo o laço pode ser feito com auxílio do Kimono.
Possíveis lesões: Equimoses de pequenas dimensões na face, nas conjuntivas, pescoço e face anterior do tórax; Infiltração hemorrágica em tela subcutânea e musculatura subjacente ao sulco; Rupturas musculares e Fraturas e luxações das vértebras cervicais; Morte, pelo impedimento da penetração do ar nas vias aéreas; por morte circulatória devido à compressão dos grandes vasos do pescoço que conduzem para o cérebro; por morte nervosa do mecanismo reflexo (inibição vagal).

Golpes em que são realizadas projeções do adversário acima da cabeça podem levar a um trauma direto da cabeça, que pode gerar graves lesões cervicais como o Ippon-seoi-nage realizado com os dois joelhos no solo.

A concussão cerebral é uma lesão traumática do cérebro, que pela energia aplicada lhe pode alterar o status mental ou causar-lhe outros sintomas de natureza neurológica. Os sintomas mais frequentes são a dor de cabeça, o enjoo, a náusea, a perturbação do equilíbrio, a dificuldade de concentração e os problemas de memória. Estes sintomas podem manter-se por alguns minutos, dias, semanas ou mesmo meses, em alguns casos. Todo o atleta que sofra uma concussão, independentemente da sua magnitude, deve ser obrigatoriamente submetido a uma primeira avaliação no local onde sofreu a lesão e posteriormente e em tempo útil, a uma observação clínica por médico qualificado para o efeito.

Atualmente algumas regras foram alteradas durante as competições a fim de diminuir o risco de lesões. Alguns golpes são proibidos de ser aplicado durante a competição levando o atleta que as utiliza a desclassificação como, por exemplo, o soto-maki-komi, responsável por uma alta incidência de luxação acrômio-clavicular, uma vez que o adversário pode sofrer um trauma direto com o solo.

O tratamento no momento da lesão é semelhante em todos os casos: aplicação de gelo local, imobilização da área afetada, seguida da procura de em serviço médico, onde possa ser realizada uma avaliação mais minuciosa do quadro em que o paciente se encontra, podendo assim traçar condutas para cada caso.

A utilização do gelo é recomendável na presença de dor ou edema, independente do grau da lesão ou da fase de reabilitação em que o paciente se encontra.

Ataques a estruturas articulares que visam suas imobilizações e extensões além das respectivas amplitudes de movimento. A técnica mais utilizada é a que hiperextende as articulações do cotovelo conhecidas como juji-gatame (arm-lock), ude-garami. Essa técnica pode levar a uma diminuição da amplitude de movimento e dor, pois o movimento feito de forma violenta, ou com repetição contínua, pode causar uma cicatrização da cápsula dentro da articulação do cotovelo e lesão com cicatrização muscular na sua porção anterior. e as torções que atacam a coluna vertebral ("Cervical").
De maneira geral pode ocasionar traumas do tipo: Estiramentos de primeiro a terceiro grau, Entorse de primeiro a terceiro grau, Subluxação articular, Luxação articular, Fraturas articulares, Defeitos osteocondrais (DOCS) e Tetraplegia (somente para "Cervical").
As lesões cervicais também podem causar danos neurológicos, viscerais e de grandes vasos. Danos neurológicos podem ser identificados e terem sido causados por secção, contusão, compressão e isquemia medular. Na coluna lombar as lesões que com mais frequência limitam o atleta, centram-se nos discos intervertebrais e nas articulações inter-apofisárias da região lombar. Para a prevenção das lesões de sobrecarga em particular na coluna lombar, devem os atletas apoiar-se num programa de treino de carácter neuromuscular com bastante regularidade. Definitivamente, a prevenção destas lesões deve apoiar-se ainda no bom senso do atleta e do treinador ou preparador físico, ao longo do desenvolvimento do treino. A pressão destes, no sentido do treino excessivo terá que ser limitada.

O ombro é de longe a área anatômica mais envolvida por lesões, dentre elas as mais frequentes são as luxações que é o termo empregado quando há perda de contato entre os ossos que compõem uma articulação. No caso do ombro as principais lesões são: a luxação gleno-umeral, luxação da articulação composta pelo úmero (osso do braço) e pela Glenóide (parte da escápula) e a luxação acromioclavicular, luxação entre a clavícula e o acrômio: A luxação acromioclavicular ocorre por trauma direto na parte de trás do ombro (escápula), comumente por queda.



Essas Luxações apresentam diferentes tipos de tratamento dependendo de sua gravidade. O Raio X é o exame mais indicado para o conhecimento anatômico da articulação, após a lesão. O uso de tipóia é recomendável a fim de manter o membro lesado em repouso.

Para lesões menos graves onde ocorre entorse das articulações o tratamento é conservador utilizando o repouso de 1 a 6 semanas, conforme o caso, a fim de agilizar o processo de retorno ao esporte, porém lesões em que ocorram perda total do contato entre clavícula e o acrômio é feito repouso e imobilização por várias semanas e retorno ao esporte após 3 meses. Em alguns casos o tratamento cirúrgico é o mais recomendável. A fisioterapia tem como principal objetivo nesse tipo de lesão a diminuição da queixa de dor, utilizando gelo ou eletroanalgesia, além de acelerar o processo de cicatrização com o auxílio de aparelhos de calor superficial e profundo.

As lesões musculares são freqüentes no Judô por se tratar de um esporte de contato em que é necessário o uso de grande força por parte de seus praticantes, levando a sobrecarga muscular ou por trauma direto. Na parte superior do corpo é mais comum a contratura do qua distensão muscular. A contratura é quando o músculo fica mais curto e enrijecido, o que causa dor e restrição dos movimentos. Os músculos na parte superior das costas são os mais afetados, dá aquele torcicolo, sabe? Enquanto as distensões ou estiramentos são mais comuns nos membros inferiores.

A mão deve ser considerada como um instrumento de trabalho para os praticantes do Judô, por isso, todos os cuidados devem ser realizados em casos de lesão nessa estrutura.

Nas mãos os dedos sofrem pequenas lacerações, entorses e luxações interfalângicas. Com a ocorrência de lesão, deve-se realizar a imobilização da região afetada e realizar a procura de um serviço médico especializado a fim de realizar testes e exames específicos para definir a gravidade e localizar as estruturas lesadas. Algumas lesões ligamentares podem ter indicação cirúrgica dependendo da queixa referida pelo paciente podendo ser instabilidade, dor ou perda de força. Quando definido o tratamento conservador podemos utilizar o gelo em imersão, Ultra-som em imersão de água e mobilizações com movimentos passivos e acessórios visando a manutenção da ADM (amplitude do movimento). O tempo médio de cicatrização de lesões ligamentares é de 3 a 4 semanas.

Para prevenir a maioria das lesões, só há um jeito: alongamento antes e depois da atividade. O alongamento é obrigatório antes de iniciar qualquer sessão de exercícios. O tempo mínimo de prática deverá ser de 10 até 15 minutos. O alongamento permite um aquecimento da musculatura, através de um maior aporte de sangue para os músculos, preparando o sistema musculoesquelético para o exercício a ser realizado.

O alongamento realizado de forma correta e sistemática, diminui a dor, tonifica os músculos, aumentando também a sua resistência. É preciso alongar todos os grupos musculares e não apenas aqueles que serão mais exigidos durante a sessão do exercício.