quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dez coisas que você deve saber sobre o seu Instrutor de Judô (sensei)


Neil Ohlenkamp - Judoinfo



1. Seu sensei ama judô. Esta é a razão pela qual ele quer praticar e ensinar.
2. Seu sensei quer compartilhar judô com todos. É um presente valioso que deve ser compartilhado.
3. Seu sensei sabe que judô não é fácil de aprender. É preciso muito trabalho e uma quantidade considerável de tempo. Seu sensei gastou muito tempo neste treinamento e compreende o empenho necessário. Seu sensei quer que você se esforce para ser, e eventualmente venha a ser, melhor do que ele.
4. Seu sensei quer que o treinamento seja seguro porque há riscos inerentes na prática de judô, Todos os alunos devem colocar a segurança acima de todos os outros objetivos.
5. Você é importante para o sensei. Não haveria judô sem participantes de todos os níveis e cada um é importante. Isso faz parte do princípio do judô do bem-estar e benefício mútuo.
6. Seu sensei pode ser confiável para guiar sua instrução. Seu sensei prepara cuidadosamente lições e faz ajustes para os níveis de desempenho individuais e de classe. No entanto, no início tudo pode não ser claro para você, bem como ter a paciência necessária.
7. Uma vez que seu sensei quer melhorar, ele também se beneficia de ter a oportunidade de praticar judô com você. Um dos objetivos do judô é se esforçar continuamente para aperfeiçoar a si mesmo para que você possa contribuir com algo de valor para o mundo. Se você está tendo dificuldade no treino ou pensando em desistir, discuta isso com seu sensei para que ele possa ver o problema a partir do seu ponto de vista e poder ajudá-lo.
8. Seu sensei quer que você desenvolva seu judô fora do treino. Quanto mais você ler, praticar e aprender por conta própria, mais valioso será o seu tempo de treinamento. Mantenha-se fisicamente apto e, se possível, com condicionamento além do exigido. 9. Seu sensei precisa de sua ajuda. Sua turma só se beneficiará e se desenvolverá com a ajuda uns dos outros, zele pelo local, cuide dos tatames e do material de treinamento, ajude nos treinamentos e torneios, etc.
10. Para o seu sensei, judô é um modo de vida.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

OSS... O que significa?


Em textos sobre artes marciais você já deve ter lido, como também ter ouvido, em vários lugares ou treinos a expressão “Oss”. Mas afinal o que significa Oss?

A definição do famoso OSS tem muitas origens. Algumas pessoas erroneamente atribuem o Oss a abreviação de Ousadia, Superação e Sucesso. Apesar de ser uma tradução criativa e que se encaixa bem para o ambiente de luta, o real significado não tem nada a ver com isso.

Outra origem é numa primeira definição do OSS como a abreviação da palavra Onegai Shimassu, que se traduz como um pedido, uma solicitação, um convite como "por favor", "por gentileza" ou "com licença", muito utilizado p/ convidar o companheiro de treino p/ lutar.

A segunda definição de OSS que também conhecido como Ossu (não faz diferença de como se escreve em português), significa Oshi Shinobu, cuja idéia (pois a tradução ao pé da letra não condiz com o contexto) é a de "perseverar enquanto se é empurrado", ou seja, não desistir jamais, ter determinação, disposição e suportar o mais árduo dos treinamentos, continuar sem desistir, sob qualquer pressão (toda aquela idéia de força interior, típica da cultura oriental).

Por isso, no inicio da luta/combate, o atleta marcial grita, invoca, emana o OSS, como forma de liberação desse sentimento, muito embora em muitas fontes, o OSS é definido como uma manifestação da energia ki, ou seja, um kiai diferente, indicando que já se esteja pronto para a luta.

Segundo Miyamoto Musashi, no livro go rin no sho (livro dos cinco anéis), existiam 3 tipos de gritos utilizados pelo Samurai:
1 - Antes do combate, para mostrar energia,
2 - Durante o combate, na hora de atacar, para obter mais força (kiai) e,
3 - Depois da luta, para comemorar a vitória ou urrar a derrota.

O OSS além de demonstrar o espírito de força e a determinação antes da luta, é também utilizado para indicar ou confirmar uma informação, assim sempre que o Sensei perguntar ou informar algo, responde-se OSS, uma resposta que indicará o entendimento ou a confirmação do entendimento.

OSS é uma expressão fonética criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia, um cumprimento como “sim”, “por favor”, “obrigado”, etc…

Em japonês, sua transcrição correta é OSU, e seus dois caracteres representam “pressionar” (osu) e “suportar” (shinobu). Então podemos concluir que “Oss” implica em pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade. O “espírito de OSS” é retratado como a “perseverança sobre a pressão“. Além disso o OSS, é uma demonstração de respeito, não por hierarquia, mas pela admiração, pelo prazer da companhia, por simpatia, confiança e respeito por si mesmo.

“OSS” pode ser “Tenha Garra!“, onde mostramos nosso respeito e força, por isso nunca devem ser pronunciadas ao vento, sem um motivo certo ou mesmo sem que o corpo todo envie essa energia de motivação. Atitude, postura, estado de espírito são fundamentais para que toda a energia do “OSS” seja expressada corretamente.

No Judô, temos uma outra palavra de estímulo muito utilizada para darmos o “último gás” nas competições: o GAMBARE.

Gambare é uma palavra japonesa muito significativa. Comum no cotidiano, Ela expressa o espírito japonês de força, persistência e coragem. ela resume a mensagem de demonstração de apoio, de solidariedade e de esforço daqueles que compartilham os mesmos momentos. Quando você fala Gambare para alguém é como se estivesse desejando ao outro:
Força, Coragem, Firme, Tenha Garra, Estou com Você, Avante!

Não podemos negar que um “OSS“, “Gambare” ou mesmo um “Tenha Garra!” são palavras de prontidão, onde mostramos nosso respeito e força, por isso nunca devem ser pronunciadas ao vento, sem um motivo certo ou mesmo sem que o corpo todo envie essa energia de motivação.

domingo, 1 de novembro de 2015

O que nos leva a buscar aprender uma arte marcial?


Sensei Allan Franklin /Colunista Artes Marciais Fight



Oss! Para entendermos o que nos leva a buscar aprender uma arte marcial, devemos ver todo o panorama da nossa sociedade e analisarmos caso a caso, pois são muitos os motivos que nos levariam a um Dojo ou escola de qualquer arte marcial. Em primeiro lugar devemos ressaltar que hoje o panorama do mundo mudou e sendo assim, isso não seria diferente com as artes marciais. Hoje temos diversos profissionais de várias artes marciais extremamente qualificados como lutadores.

Temos grandes professores de Karatê, Kung Fu, Judô, Ju Jutsu, Aikido, Tae Kwon Do, Muay Thai, Krav Magá e até atualmente de MMA. Mas devemos lembrar que dependendo da idade que a pessoa tenha e a expectativa desta pessoa, algumas artes marciais se fazem mais adequadas do que outras. O aspecto competitivo, por exemplo, não cabe para todos nós.

Portanto pertencer a uma escola marcial que dê mais valor a uns do que outros só porque esses vão competir e outros não pode frustrar muitas pessoas.

Por isso não creio que essa política seja a certa. Conheço uma pessoa que estuda Judô e que tem um futuro promissor nesta arte e poderia ser um grande Sensei, mas que anda desmotivado por ter também uma idade madura a qual para o aspecto esportivo, é encarada como idade avançada. Por isso seu foco é mais a aprendizagem completa do Judô e não o foco esportivo.

Daí essa pessoa anda afastada de seu Dojo porque sua escola está muito envolvida com os campeonatos e sendo assim, tal amigo mesmo já tendo participado de alguns campeonatos, tem sua vida, sua esposa e não pode se focar em campeonatos. Segundo me disse desde a última vez que conversamos, seu Dojo por estar focado em campeonatos, tem deixado de lado outras técnicas que poderiam estar sendo passadas e que fazem parte do panorama e programa de aprendizagem do Judô, mas que acabam não acontecendo e ele não aprendendo.

Sem dúvida alguma seu Sensei é espetacular profissional e como pessoa, mas tal acontecimento faz com que meu amigo fique se sentindo de lado por não estar participando de campeonatos. Fui praticante de Tae Kwon Do durante uns quinze anos e neste período que treinava e parava por justamente falta de grana, sentia muito isso, pois o Tae Kwon Do da WTF que por sua vez é bastante focado no esporte, ou seja, hoje já é até um esporte olímpico, já trazia esse espírito de panelinhas aqui e ali e isso para mim desanimava muito.

Jamais gostei da idéia de campeonatos por não acreditar que esta fosse a melhor maneira de se viver a arte que praticamos seja ela qual for. O que eu queria era aprender a arte em si.

Sem dúvida em tudo há os dois lados e o aspecto competitivo também trás coisas boas e boas experiências, mas devemos entender que dentro de uma escola marcial deve haver uma seleção daqueles que gostam, querem e estão aptos a competir e uma seleção daqueles que simplesmente querem aprender tal arte que está estudando para suas vidas e dia a dia. Penso que no caso de meu amigo, não só tal Dojo como o Judô, correm o risco de perderem um grande representante.

Portanto aquele que busca uma arte marcial deve também entrar nessa escola que ele escolheu com as informações necessárias de como é a estrutura da arte marcial escolhida. Existem artes marciais que em sua metodologia de ensino há vinculado aspectos esportivos e que só se chega à faixa preta tendo curso de arbitragem, tendo participado de competições etc. Já outras ainda não são tão obrigatórias assim, mas sim mais opcional como no Karate-Do por exemplo. Mas isso não significa que não possa vir a mudar tal panorama e na nossa arte também tais exigências possam existir. Até porque lutam por aí diariamente pelo Karate nas olimpíadas.

Aqueles caminhos marciais que não possuem campeonatos acabam sendo mais atrativos para pessoas mais velhas e adultas, pois nem todos se vêem competindo por aí e muitos possuem uma vida que não comporta trabalhar, sustentar sua família e muitas vezes estudar e ainda competir.

É por isso que muitas vezes quem não está neste caminho, critica os que estão, pois inegavelmente os valores financeiros falam mais alto nos caminhos marciais que contam com competições que sabemos gerar muito dinheiro anualmente e esquecimento dentro dos Dojo de alguns alunos por parte do Sensei, Sifu ou Kiosanin.

Existem lugares onde a fome por dinheiro é tamanha, que adiantam alunos em termos de graduação para que os mesmos venham dar aulas representando esses professores e que desde a primeira faixa que permite o aluno competir, este professor coloca tal aluno para competir. Muitas vezes esses mesmos professores deixam de lado aqueles alunos com mais dificuldade na aprendizagem ou mesmo os mais inseguros.

Penso que as artes marciais não devam tomar o rumo que o Boxe tomou e querer investir em campeões, pois existem diversos tipos de pessoas e com idades variadas que podem ser bons profissionais e representantes das artes escolhidas por eles no futuro, mas para isso precisam aprender a arte que estão estudando e amadurecer dentro dela tendo a atenção de seus orientadores.

Neste processo muitas vezes independendo da idade, estes praticantes com menos desenvoltura ou inicialmente inseguros, necessitam se fortalecer e para isso precisam da atenção de seus professores.

Muitas vezes também aquele que despontou desde cedo no treino, pode dar um bom competidor, gerar fama para a escola, mas nem sempre um exemplo de professor.

Vamos nos preocupar com o panorama dos Dojo e escolas de artes marciais porque não devem ser uma fábrica de campeões, mas muito antes disso, deve ser um local de iluminação pessoal através das artes marciais. Quantos bons profissionais, ou seja, faixas pretas que nunca competiram mais estudaram pra si a arte escolhida, estão por aí vivendo suas vidas dignamente porque levaram o melhor da essência da arte para suas vidas, famílias e sociedade!


Quantos anônimos formados por mestres como Benedito Nelson ou Carlos Henrique de Melo o “Shihan Kung” ambos do Karate-Do, pela família Gracie ou pelo mestre Oswaldo Fadda também do Ju Jutsu, pelo Sifu Leo Imamura ou Sifu Marcos Abreu do Ving Tsun etc. que se defendem bem, são boas pessoas, bons exemplos para seus filhos e amigos e nem por isso tem seus nomes por aí? Nem todos nós buscamos competir, nos destacar e aparecer com medalhas ou troféus!

Portanto acredito que toda escola marcial deva sim ter e fazer uma entrevista com seus candidatos a alunos, pois uma arte marcial deve ser preservada e levada como algo muito importante pelas pessoas e os profissionais das mesmas, devem ser os primeiros a levantarem tal bandeira e ter tais cuidados na hora da aceitação do aluno. Pra isso o dinheiro deveria ficar em segundo plano, mas como vivemos num país onde dificilmente se vive do que gosta, a maioria se corrompe e acabam passando por cima dos valores, isso acaba sendo uma idéia utópica.

Deve se ter em mente que aqueles que competem podem ser muito bons em torneios e campeonatos, mas nem por isso necessariamente melhores alunos da escola em si, pois o foco da competição e forma que ali acontece à luta, muito difere da realidade. E vemos muitos que estudam pra sí, imaginando que se tiverem que lutar e defender suas famílias, lutando bem mais de modo agressivo do que o competidor. Portanto os professores darem mais atenção para aqueles que se destacam para campeonatos e desprezar os alunos que não têm tal foco competitivo é contrariar a filosofia das artes marciais.

As buscas também ocorrem por vezes de acordo com o biótipo dos candidatos a praticantes de artes marciais, esses acabam buscando artes marciais que se adaptam melhor. O problema que vejo nisso é quando alguém não se adapta a algum sistema e sai dele partindo para outro que se encontre mais, mas falando mal daquele outro o qual não se adaptou.

Isso é uma coisa que devemos cortar na nossa sociedade, pois é nessa que se criam os pensamentos preconceituosos contra os kata que na maioria das vezes devido à complexidade para aprender e entende-los, muitos crêem serem movimentos em vão e que em realidade não funcionam.

Devo dizer que para muitos o panorama das artes marciais se limita apenas as artes de lutar agarrado e em termos de lutar em pé, só contam com técnicas do Boxe. Quando falo isso alguns vêem como preconceito com tais artes, mas digo que estes que não entendem, não gostam ou não se adaptam aos kata, também acabam sendo preconceituosos com os praticantes de artes que possuem kata. Portanto que venhamos a respeitar as escolhas de cada um no que diz respeito ao que cada um quer para si. Eu pessoalmente vejo como todos os sistemas marciais possuem seu valor e eficiência. Tenho predileção pelo Karate-Do, mas vejo eficiência e admiro logicamente o Kung Fu pelo parentesco com o Karate-Do, admiro o Judô, Ju Jutsu, Aikido, Capoeira etc.

Vamos refletir esta semana sobre esses aspectos, pois ao mesmo tempo que muitos jovens buscam uma arte marcial para canalizarem suas energias e gostam muito de competir, nem todos tem seus dezoito ou vinte e poucos anos e buscam o mesmo. E devemos lembrar de respeitar as diferenças entre as escolas e estilos, como respeitar a escolha do outro sem ridicularizar essa escolha distinta da nossa.